domingo, 2 de junho de 2013

Educação Infantil

Esse é um post relacionado à minha profissão e área de grande interesse: a Psicologia. Lembro que todos estão convidados a deixar suas impressões, sejam professores, educadores, psicólogos, pais e interessados no estudo do universo infantil.

Nas últimas semanas, tive contato com bastante material relacionado ao desenvolvimento infantil. Voltei a ler alguns textos que circulam pela internet  sobre a diferença de tratamento do TDAH (transtorno do déficit de atenção com hiperatividade) entre americanos e franceses; recebi por e-mail e li no facebook um outro texto sobre como os jovens atuais não se importam com o esforço, mas apenas com o talento; uma amiga compartilhou um artigo no qual indicava-se como conversar com meninas o que me remeteu a um livro que tenho sobre como falar de modo certo com as crianças ("Como falar para seu filho ouvir e como ouvir para seu filho falar"- Adele Faber e Elaine Mazlish).

Além disso tudo, estive no 2o. Fórum Conhecer e Refletir: Infância e Adolescência, promovido pela Sibes (http://www.sibesitatiba.org) onde assisti a uma palestra de Marcos Meier (professor de matemática, educador e psicólogo: http://marcosmeier.com.br) em que ele também mencionava os limites, sentimentos e valores na infância e adolescência. 

Refletindo ante todas essas informações e, já consciente da falta de orientação aos pais e educadores, notei que tudo se entrelaçava-se em uma mesma pergunta: qual é a melhor maneira de se educar uma criança? 




Tendo em vista o elevado nível de acesso a informações a que temos hoje,  a noção de que agressões físicas, gritos, puxões, palmadinhas e chantagens não surtem efeitos adequados na educação e não devem ser utilizados vem sendo incorporada e digerida. Falta, no entanto, uma orientação sobre o que fazer e como agir para substituir o comportamento anterior dos pais e educadores.

O fato é que criança precisa de conversa, disciplina, amor, afeto, respeito, atenção e  autonomia. Sugiro sempre o uso dos cantinhos do pensamento para as horas em que seja necessária reflexão sobre o mau comportamento e ressalto que o relacionamento deve estar livre de mentiras. Fale a verdade e veja nas frustrações, tristezas  e perdas momentos para crescimento dos pequenos. Alguns exemplos:

- Supondo a morte do bichinho de estimação de seu filho/neto/aluno, você conta a verdade a ele, substitui por outro ou inventa uma história mirabolante?
O ideal é que a idade dessa criança e a compreensão de morte que ela tem sejam respeitadas, porém sem faltar com a verdade. Ela vai ficar triste e, provavelmente algumas lágrimas cairão. Esse é o momento onde você deve acolhê-la e abraçá-la de forma que assim proporcionará que ela aprenda a lidar com os seus sentimentos.

- O brinquedo preferido do seu filho/sobrinho/neto/aluno se quebrou sem que ele saiba.  Por mais que você ache que estará poupando-o do sofrimento se comprar outro e o substituir, é importante que ele tenha essa experiência, de modo que o ideal é explicar-lhe o que aconteceu e juntos decidirem o que fazer.

- Um adolescente o pergunta sobre as drogas. Não demonize e diga que, embora aquilo provoque sensações "boas" as conseqüencias são sérias e ruins. Seja sincero, calmo e oriente. O importante é explicar de forma clara e precisa, sem acusações e agressividade.

Outro aspecto importante é que a criança tenha um prolongamento do prazer, ou seja, que não seja tudo imediato e mágico. Ela deve aprender a esperar e ver o esforço que as pessoas fazem para que as coisas aconteçam, mesmo no simples exemplo do preparo de um prato de comida.


Outra dica é nunca criticar o indivíduo, mas o seu comportamento incorreto (isso vale também para o adulto). Se a criança deixou a sala bagunçada, fale calma porém firmemente que a sala está desorganizada. Quando ela arrumá-la, reforce positivamente com elogios sobre seu esforço. Nunca diga que ela é algo negativo, pois isso não é fácil de se alterar.

Evite elogiar características que não sejam relacionadas ao esforço em situações do tipo: "Que inteligente, por isso foi bem na prova!" Ao invés disso, diga: "Parabéns pelos estudos, por seu empenho nas lições e pela sua organização. Por isso tem ido bem nas provas!" Dessa forma, ele continuará se esforçando para tirar boas notas. 
No quesito aparência, elogios do tipo "como você é linda, arrumada, magra" podem incentivar o culto a beleza, então que tal perguntar sobre um assunto menos "fútil" e que faça a criança/adolescente pensar como por exemplo questionando-a e interessando-se sobre seu livro/filme preferido ou algum tema de interesse comum?

Respeite as regras acordadas com a criança e não rompa combinados nem ceda a birras. As birras só aumentam porque estão sendo reforçadas se a criança atinge o seu objetivo (seja ele qual for) através delas.

Nunca se esqueça de sempre abaixar-se e olhar nos olhos da criança ao conversar com ela. Incentive-a a ler, utilize jogos educativos e que demandem o uso da criatividade. Ouçam músicas, toquem instrumentos, pintem, pratiquem esportes, permita jogos eletrônicos com critérios. Tablets, desenhos na televisão e video games também são importantes no desenvolvimento infantil e até mesmo na socialização dos pequenos. 

Equilíbrio é uma palavra chave em todas as etapas da vida, especialmente nessa fase de crescimento. A participação dos responsáveis (pais, tios, avós, padrinhos) nesse processo é super importante, em conjunto com a escola e com toda a sociedade.

Não há uma cartilha de educação, nem receita mágica generalizada. Cada um é apenas um assim como cada família possui os seus valores e cada escola tem o seu método de ensino. O comum é que todos desejam filhos/alunos/cidadãos esforçados, responsáveis, educados, solidários e que lutem e realizem os próprios sonhos. Dessa forma, tente colocar em prática essas pequenas dicas e seja exemplo. O trabalho é duro, mas toda a dedicação valerá a pena.

Para finalizar, deixo um video para reflexão.